26/05/2014

As portas do coração


Acho que ninguém passa a vida como uma folha em branco, sem escritos, sem rabiscos. Tudo vai sendo escrito na alma, os momentos vão sendo registrados , misturando o que foi com o que deixou de ser, as grandes expectativas com as grandes decepções.

Cada página virada traz as marcas das que passaram e com o tempo vamos aprendendo a prudência nas relações.

Quando somos jovens é diferente, pois a esperança é tão eterna quanto o amor que toma conta da gente. Mas os anos nos trazem a vivência, a desconfiança e a memória das coisas que nos fizeram mal.

Se na juventude nos jogamos de cara a cada nova oportunidade, mais tarde aprendemos a caminhar lentamente, olhar de longe, tentar reconhecer os riscos e buscar garantias. Essas mesmas garantias que só são assinadas depois, bem depois, caso existam.

A vida não nos abandona e as oportunidades vão surgindo. Mas, com elas as feridas que se reabrem, que revivem e fechamos os olhos a, talvez, belos instantes de felicidade plena e eterna.

Não sabemos! Não podemos saber! As pessoas não são iguais, mas tão parecidas! Não queremos sonhar de novo e cair de novo, chorar de novo e parecer tolos aos olhos dos outros... preferimos fechar as portas do coração e olhar pela fresta, imaginar o que teria sido se tivéssemos, pelo menos, tentado...

Queremos sempre o amor, nunca a dor que dele resulta. Queremos o mel, a alegria e até a saudade que pode incomodar o coração, mas dor... dor não!

Não sabemos, talvez, que seja esse o preço e que a alegria de amar um tempo vale mil vezes a dor cravada na alma.

Amar alguém é elevar-se ao ponto nobre da vida. É tocar o céu e ter a terra aos seus pés. E se mais tarde os ventos contrários nos trazem de volta, valeu a viagem, valeram as lembranças que carregamos e que nos sustentam.

E entre os escritos da vida, prevalecem, no fim, o néctar que soubemos tirar das flores, a poesia que tiramos dos amores, mesmo daqueles que tiveram fim...

 Letícia Thompson




21/05/2014

O ALZHEIMER, DESCRITO PELO PACIENTE





Sou médico aposentado e professor de medicina. E tenho Alzheimer.
Antes do meu diagnóstico, estava familiarizado com a doença, tratando pacientes com Alzheimer durante anos. Mas demorei para suspeitar da minha própria aflição.

Hoje, sabendo que tenho a doença, consegui determinar quando ela começou, há 10 anos, quando estava com 76. Eu presidia um programa mensal de palestras sobre ética médica e conhecia a maior parte dos oradores. Mas, de repente, precisei recorrer ao material que já estava preparado para fazer as apresentações. Comecei então a esquecer nomes, mas nunca as fisionomias. Esses lapsos são comuns em pessoas idosas, de modo que não me preocupei.

Nos anos seguintes, submeti-me a uma cirurgia das coronárias e mais tarde tive dois pequenos derrames cerebrais. Meu neurologista atribuiu os meus problemas a esses derrames, mas minha mente continuou a deteriorar. O golpe final foi há um ano, quando estava recebendo uma menção honrosa no hospital onde trabalhava. Levantei-me para agradecer e não consegui dizer uma palavra sequer.

Minha mulher insistiu para eu consultar um médico. Meu clínico-geral realizou uma série de testes de memória em seu consultório e pediu depois uma tomografia PET, que diagnostica a doença com 95% de precisão. Comecei a ser medicado com Aricept, que tem muitos efeitos colaterais. Eu me ressenti de dois deles: diarreia e perda de apetite.
Meu médico insistiu para eu continuar. Os efeitos colaterais desapareceram e comecei a tomar mais um medicamento, Namenda. Esses remédios, em muitos pacientes, não surtem nenhum efeito. Fui um dos raros felizardos.

Em dois meses, senti-me muito melhor e hoje quase voltei ao normal.
Demoramos muito tempo para compreender essa doença desde que Alois Alzheimer, médico alemão, estabeleceu os primeiros elos, no início do século 20, entre a demência e a presença de placas e emaranhados de material desconhecido.

Hoje sabemos que esse material é o acumulo de uma proteína chamada beta-amiloide. A hipótese principal para o mecanismo da doença de Alzheimer é que essa proteína se acumula nas células do cérebro, provocando uma degeneração dos neurônios. Hoje, há alguns produtos farmacêuticos para limpar essa proteína das células.

No entanto, as placas de amiloide podem ser detectadas apenas numa autópsia, de modo que são associadas apenas com pessoas que desenvolveram plenamente a doença. Não sabemos se esses são os primeiros indicadores biológicos da doença.

Mas há muitas coisas que aprendemos. A partir da minha melhora, passei a fazer uma lista de insights que gostaria de compartilhar com outras pessoas que enfrentam problemas de memória: tenha sempre consigo um caderninho de notas e escreva o que deseja lembrar mais tarde.

Quando não conseguir lembrar de um nome, peça para que a pessoa o repita e então escreva. Leia livros. Faça caminhadas. Dedique-se ao desenho e à pintura.

Pratique jardinagem. Faça quebra-cabeças e jogos. Experimente coisas novas. Organize o seu dia. Adote uma dieta saudável, que inclua peixe duas vezes por semana, frutas e legumes e vegetais, ácidos graxos ômega 3.

Não se afaste dos amigos e da sua família. É um conselho que aprendi a duras penas. Temendo que as pessoas se apiedassem de mim, procurei manter a minha doença em segredo e isso significou me afastar das pessoas que eu amava. Mas agora me sinto gratificado ao ver como as pessoas são tolerantes e como desejam ajudar.

A doença afeta 1 a cada 8 pessoas com mais de 65 anos e quase a metade dos que têm mais de 85. A previsão é de que o número de pessoas com Alzheimer nos EUA dobre até 2030.

Sei que, como qualquer outro ser humano, um dia vou morrer. Assim, certifiquei-me dos documentos que necessitava examinar e assinar enquanto ainda estou capaz e desperto, coisas como deixar recomendações por escrito ou uma ordem para desligar os aparelhos quando não houver chance de recuperação. Procurei assegurar que aqueles que amo saibam dos meus desejos. Quando não souber mais quem sou, não reconhecer mais as pessoas ou estiver incapacitado, sem nenhuma chance de melhora, quero apenas consolo e cuidados paliativos.
Arthur Rivin
(Foi Clínico-Geral e é Professor Emérito da Universidade da Califórnia)

17/05/2014

Rumo ao Hexa




Todo ano em que havia copa do mundo de futebol em países diferentes, nós brasileiros a essa altura estávamos unidos numa  grande corrente, as ruas de todo o país enfeitadas de verde e amarelo, os corações pulsando na expectativa de ver nossa seleção campeã!
Agora as cores predominantes no país estão diferentes, o país está um caos...mas se formos olhar com honestidade sempre esteve assim e nem por isso nos sentíamos menos brasileiros para "torcer" por nossos atletas e nossa seleção de futebol.
Todo brasileiro sempre sonhou em sediar uma copa aqui no nosso país, então porque agora vamos desanimar por conta de políticos e politicagem? De maracutaias e conchavos? Não neguemos ao nosso sofrido torcedor brasileiro a alegria de se unir e gritar pela seleção!
Vamos torcer por nosso Brasil! Não o Brasil de Presidente, Senadores, Deputados e essa Cambada toda. O Brasil pertence a nós Povo brasileiro que trabalha, luta e sofre independente de governantes e situação!
Para sediar a Copa houve roubos? O povo foi colocado pra escanteio?
Tudo isso aconteceu e acontece, mas temos o direito de a cada gol gritarmos como se a palavra fosse JUSTIÇA!  HONESTIDADE! FORA CORRUPTOS!
Só não vamos impedir agora que, a Copa está aí e Aqui vai acontecer, de sermos um pouco felizes com o maior esporte da preferência Nacional, principalmente já que somos tão desprestigiados lá fora, dar o gostinho aos gringos metidos a besta!
Pra frente Brasil! Pra frente Brasileiros! Nas Urnas daremos o Troco!
Vânia Serra

08/05/2014

Ser Mãe



Ser mãe não é apenas carregar no ventre, por alguns meses, um óvulo fecundado!
Ser mãe não é somente passar pela dor cruciante de trazer um filho ao mundo!
Ser mãe não é simplesmente dar o alimento, vestir e cuidar do físico e dos estudos!
Ser mãe não é embonecar uma criança, fazendo dela um enfeite, um “bibelô”!
Ser mãe é muito mais do que isso! Ser mãe é dividir o que se tem, sempre priorizando os filhos;
Ser mãe é cuidar, amar, amar e amar!
Ser mãe é depender da graça de Deus dia após dia, hora após hora, minuto após minuto;
Ser mãe é estar na dependência total do Deus Maravilhoso que não falta nunca, que sempre nos protege e nos ampara;
Ser mãe é se sentir abençoado por ter recebido do Senhor o privilégio de tomar conta de um pequeno ser;
Ser mãe é ver o seu amor imperfeito comparado ao perfeito amor do grande Deus.
Ser mãe é envelhecer sorrindo; Mesmo na solidão do ninho que ficou vazio; Porque sabe que cumpriu a sua parte; E o que faltou, o Pai celeste completará;
Pois dele vem a promessa: “Não temas, pois Eu estou contigo em todo momento”.
Ser mãe é ser feliz somente por ser mãe!  


(Desconheço o autor)

06/05/2014

O Homem e o Rio




Havia um homem apaixonado por um rio, gastava longas horas vendo suas águas a passar, carregando em seu dorso suave folhas e histórias das cidades acima e isto dava felicidade.

Sua grande alegria era quando chegava a tarde, depois do trabalho ele ia correndo para o rio, pulava uma cerca e ficava lá em uma prainha, com os pés mexendo nas areias grossas, bem embaixo de um velho ingá.

Falava muito, confidenciava segredos, dava gargalhadas, nunca ia embora, enquanto houvesse luz e por muitas vezes só se deu conta que era noite quando a lua ladrilhava de prata as águas do rio.

Ficava lá, remoendo lembranças, indo para o futuro em sonhos. Seus olhos eram rio. O rio passeava com suas águas amigas em seus olhos, como em nenhum outro. Ambos pareciam ter nascido para ser daquele jeito, nunca sem o outro, a unidade de almas.

Dizia o homem:

- Amor pra toda vida.

Porém, um dia, o céu escureceu. Nuvens cobriram a terra a chuva desabou sobre o mundo. A cabeceira do rio foi enchendo e logo tudo virou correnteza. Árvores foram arrancadas. folhas deram lugar aos galhos pesados, estes arranhavam tudo o que encontravam, as barrancas desmaiavam e sumiam devoradas pela fúria das águas.

O rio cresceu, ultrapassou as margens, derrubou cercas, foi crescendo até chegar na casa do homem da história e destruiu tudo o que encontrou.

Avançou o jardim... margaridas e rosas desapareceram, entrou porta adentro com as mãos cheias de lama.

Apagou o fogo no velho fogão a lenha, tudo ficou destruído.

Quando veio o sol, veio também a desolação. Tinha que recomeçar e como é difícil recomeçar. Fez o que pôde, sem olhar em direção ao rio. Seu peito era uma amargura só. Sua cabeça não ficava em silêncio. Só pensava no que iria dizer. Então falou:

- Por quê? Por que fez isto? Eu confiava em você, tinha certeza que isto não iria acontecer, não conosco. Havia muito amor entre nós, amor que não merecia acabar assim. Não é só a lama que está no jardim, é a confiança que nunca mais será confiança, o amor que nunca mais será amor, é o adeus que será para sempre adeus...

Foi inútil o rio tentar explicar. Nunca mais tarde se encontraram. Nunca mais a lua cantou naquele lugar e as águas daquele rio, como o coração daquele homem, nunca mais foram os mesmos.

O homem mudou-se para muito longe e o rio, quando passava por lá, tentava não olhar... mas sonhava, bem dentro, em suas águas mais profundas, um dia ver ali, debaixo do ingá, quem nunca deveria ter ido embora...

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Assim também agimos muitos de nós.
Quando somos magoados, feridos ou ofendidos por alguém que amamos, ficamos revoltados, indignados, decepcionados com essa pessoa e não lhe damos uma segunda chance.
Viramos as costas e negamos alguma oportunidade de reconciliação.
Devemos refletir sobre essas atitudes e aprender a perdoar mais, a amar mais!